Por Anderson Santiago - A política do Pão e circo (panem et circenses, no original em Latim) como
ficou conhecida, era o modo com o qual os líderes romanos lidavam com a
população em geral, para mantê-la fiel à ordem estabelecida e conquistar o seu apoio. Esta frase tem origem na Sátira X do
humorista e poeta romano Juvenal (vivo por volta do ano 100 d.C.) e no seu
contexto original, criticava a falta de informação do povo romano, que não
tinha qualquer interesse em assuntos políticos, e só se preocupava com o
alimento e o divertimento.
Com a sua gradual
expansão, o Império Romano
tornou-se um estado rico, cosmopolita, e sua capital, Roma, tornou-se o centro
de praticamente todos os acontecimentos sociais, políticos e culturais na época
de seu auge. Isso fez naturalmente com que a cidade se expandisse, com gente
vinda das mais diferentes regiões em busca de uma vida melhor. Como acontece
até hoje em qualquer parte do mundo, pessoas humildes
e de poucas condições financeiras iam se acotovelando nas periferias de Roma,
em habitações com conforto mínimo, espaço reduzido, de pouco ou nenhum
saneamento básico, e que eram exploradas em empregos de muito trabalho braçal e
pouco retorno financeiro.
Esses ingredientes,
em qualquer sociedade são perfeitos para detonarem revoltas sociais de grandes
dimensões. Para evitar isso, os imperadores optaram por uma solução paliativa,
que envolvia a distribuição de cereais, e a promoção de vários eventos para
entreter e distrair o povo dos problemas mais sérios na fundação da sociedade
romana.
Assim, nos tempos de
crise, em especial no tempo do Império, as autoridades acalmavam o povo com a a
construção de enormes arenas, nas quais realizavam-se sangrentos espetáculos
envolvendo gladiadores, animais ferozes, corridas de bigas, quadrigas,
acrobacias, bandas, espetáculos com palhaços, artistas de teatro e
corridas de cavalo. Outro costume dos imperadores era a distribuição de cereais
mensalmente no Pórtico de Minucius. Basicamente, estes "presentes" ao
povo romano garantia que a plebe não morresse de fome e tampouco de
aborrecimento. A vantagem de tal prática era que, ao mesmo tempo em que a
população ficava contente e apaziguada, a popularidade do imperador entre os
mais humildes ficava consolidada.
Para os espetáculos
eram reservados aproximadamente 182 dias no ano (para cada dia útil havia um ou
dois dias de feriado). Os espetáculos que foram se desenvolvendo em cada uma
dessas férias romanas, tinham sua origem na religião. Os romanos nunca deixavam
de cumprir as solenidades, porém não mais as compreendiam e os festejos foram
deixando de ter um caráter sagrado e passando a saciar somente os prazeres de
quem os assistia.

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