Meio-dia de sexta-feira. Em vez de um prato de
comida, a catadora de recicláveis Rosa Pereira (nome fictício), 38 anos,
optava por uma pedra de crack, para alimentar o vício. Ela estava na
localidade conhecida como Gameleira, uma via de acesso à Ladeira da
Preguiça, Centro Histórico. Com a intensificação do policiamento nas
antigas "cracolândias" das ruas do Gravatá e da Independência, aquele
passou a ser mais um esconderijo alternativo utilizado por dependentes
químicos para o consumo da droga na capital baiana.
Em meio aos
escombros de um antigo casarão abandonado, assim como Rosa, pelo menos
meia dúzia de outras pessoas utilizava cachimbos artesanais para tragar a
fumaça da pedra, cujo efeito no organismo certamente ofuscava a vista
para a Baía de Todos-os-Santos. A paranoia de se esconder para fumar
leva os dependentes químicos a frequentarem locais subumanos, como o
córrego por onde passa o Rio das Tripas, nas Sete Portas. Durante o dia,
os viciados costumam se concentrar em frente ao antigo prédio do
Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS). Outro ponto usado por
eles é a ponte que liga o Costa Azul à Avenida Magalhães Neto, ambas
zonas nobres da capital. O ambiente está repleto de restos de papelão,
sucata, garrafas plásticas e carrinhos de supermercado inutilizados.
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