.

.

quarta-feira, 26 de junho de 2013

SOBE PARA NOVE NÚMERO DE MORTOS CONFRONTO NO RIO

Seis suspeitos foram mortos durante confronto, nesta terça-feira, na Favela Nova Holanda, no Conjunto de Favelas da Maré, em Bonsucesso, no Subúrbio do Rio. De acordo com a assessoria do Hospital Federal de Bonsucesso, por volta das 10h desta terça, uma outra vítima morreu durante cirurgia. Com isso, chega a nove o número de óbitos durante os confrontos que ocorrem na comunidade desde a noite de segunda-feira, quando um sargento do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e um morador foram mortos.
De acordo com o major Ivan Blaz, relações públicas do Batalhão de Operações Especiais (Bope), até as 12h30, nove pessoas haviam morrido na operação, nove tinham sido presas, um menor de 16 anos detido e nove pessoas feridas.
De acordo com informações do portal G1, a ação contou com cem homens do Bope, do Batalhão de Choque (BPChq), além de agentes do Batalhão de Ações com Cães (Bac). O esquema de segurança  foi reforçado na comunidade nesta terça e conta ainda com o apoio de um blindado e de equipes da Força Nacional de Segurança.
Durante o confronto na noite de segunda, o morador Eraldo Santos da Silva, de 41 anos, foi atingido na cabeça. O sargento da PM, Ednelson Jerônimo dos Santos, de 42 anos, estava havia 17 na corporação. Outras cinco pessoas também foram baleadas e encaminhadas para o Hospital Federal de Bonsucesso.
A operação, ainda segundo Blaz, é o desdobramento da de segunda-feira  e tem o objetivo de buscar suspeitos que fizeram um arrastão na Avenida Brasil após o fim de um protesto em Bonsucesso. Os criminosos roubaram pedestres em passarelas e pontos de ônibus. Quatorze suspeitos foram detidos, entre eles, cinco menores, segundo informações da polícia.
Durante o protesto, os criminosos fecharam por alguns minutos a Avenida Brasil, na altura de Manguinhos. O grupo jogou pedras nos carros e montou pequenas barricadas com pilhas de lixo e ateou fogo em caixotes, para tentar impedir o tráfego de veículos.  Houve tiroteio, mas segundo a PM, não houve registro de reclamações de roubos e furtos. Motoristas que estavam no local tentaram retornar pela contramão com medo do confronto.
Noite de terror na Maré

Nada justifica a ação da Polícia Militar e do Bope na noite de segunda e nesta terça-feira na Maré. O saldo de oito mortos (número confirmado atá agora, mas que pode aumentar), entre eles um sargento da Polícia Militar, escolas com aulas suspensas,comércios fechados, moradores sitiados em suas casas, vários feridos, ruas sem luz. Situação que poderia ter sido evitada caso o Estado não tivesse uma atuação dentro da favela e outra fora.
As balas disparadas ontem não foram de borracha, como em outros pontos da cidade (violência também não justificada contra manifestantes, mas que denota claramente a diferença de conduta da Polícia dentro das favelas).
- O Observatório de Favelas está sem energia e sem telefone: o Bope acertou o transformador e cortou os cabos de telefone. Qual o sentido disso? Por que entrar na favela se o problema estava na Avenida Brasil? Qual o sentido dessas mortes, que poderiam ser todas evitadas? O Estado tem que ter equilíbrio; senão, quem terá? – questiona o coordenador do Observatório de Favelas Jailson Silva.
A organização, que é parceira da Redes e tem sede na rua Teixeira Ribeiro, na Nova Holanda, foi alvejada ontem por uma bomba de gás lacrimogêneo jogada pela Polícia. Alunos ficaram presos na sede da organização, sem poder sair.
Denúncias de moradores se espalham pela comunidade, inclusive de que casas foram invadidas e pessoas agredidas durante a noite.
A desastrosa incursão do dia 24 de junho, continua nesta terça-feira por policiais militares do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), Batalhão de Ações com Cães (BAC) e Batalhão de Polícia de Choque (BPChoque). A desculpa oficial, como sempre, fica por conta do combate ao tráfico e prisão de criminosos. Mas nada justifica o impacto e desrespeito aos moradores que vivem na Maré.
Leia relato de uma moradora que viveu os horrores de ontem e prefere não se identificar:
“Na noite do dia 24, após arrastão na avenida Brasil, moradores das comunidades Nova Holanda e Parque União ficaram reféns do confronto entre policiais e traficantes. O que começou como repressão a manifestantes em Bonsucesso, virou um noite de muitos tiros e tensão para moradores. Há relatos de troca de tiros até às 5 horas da manhã.
Quem estava dentro não conseguia sair e quem estava fora não podia entrar. Policiais atiraram em postes e deixaram a rua Teixeira Ribeiro às escuras. Uma bomba de gás lacrimogêneo rolou para dentro do Observatório de Favelas: funcionários e alunos ficaram sufocados com o gás e tiveram que permanecer no local até às 22h30.
Era notório, pela manhã, o cansaço da noite mal dormida. Moradores que não conseguiram entrar em suas casas antes da 1 hora da madrugada, estavam saindo novamente para o trabalho às 7 horas, abatidos e com fortes olheiras.ro do Observatório de Favelas – funcionários e alunos ficaram sufocados com o gás e tiveram que permanecer no local até às 22h30.
A tensão ainda é grande já que a polícia permanece na comunidade invadindo casas e revistando moradores. Quem não é da imprensa formal é olhado de cima para baixo com ar de repressão.
Mas o morador de favela já aprendeu a usar as redes sociais, e nos comunicamos por aqui. A imprensa quase não fala sobre os acontecimentos e os moradores também se tornam reféns da falta de informação”. (CorreiodoBrasil)

Nenhum comentário:

Postar um comentário