Os medicamentos receitados pelos médicos devem ser tomados
segundo o que foi recomendado para que os problemas de saúde sejam sanados.
Acontece que, alguns remédios podem deixar os olhos mais sensíveis aos raios
UV, aproximando a catarata ou degeneração macular. O que fazer nesse caso? Interromper a medicação é a pior decisão que alguém pode tomar. Se
receitados pelo médico, tenha a certeza de que ele pesou os prós e contras e,
para preservar a saúde e controlar um problema sério, receitou o fármaco. Quem
toma medicamentos que podem causar efeitos nos olhos, no entanto, deve virar
amigo do oftalmologista, não esquecendo de visitá-lo periodicamente para fazer
um acompanhamento. O que acontece depois da
ingestão de certos medicamentos é simples, explica o médico Leôncio Queiroz
Neto, oftalmologista do Instituto Penido Burnier. “Alguns aumentam a
sensibilidade à luz solar, como antibióticos à base de eritromicina, alguns
antialérgicos à base de benzofenona e prometazina, antiarrítmicos (como o
amiodarona), remédios para diabetes e até mesmo alguns anticoncepcionais”,
explica. “Eles causam uma reação fotoalérgica em algumas pessoas, que ficam com
mais intolerância à luz e passam a absorver mais radiação, por causa de um
depósito que acontece nos olhos”. Pode acontecer,
então, essa fototoxidade. “Os
atingidos são a mácula, na retina – ela tem o tamanho de uma cabeça de alfinete
– e o cristalino, que vão absorver a
radiação UV”, explica Queiroz Neto. Com o
cristalino afetado, há perda de transparência, que é a catarata. “É parecido
com o que a cortisona e diuréticos podem causar”, diz. A oftalmologista Andréa Lima Barbosa, integrante do Conselho Brasileiro de
Oftalmologia e Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo, explica que o Roacutan,
remédio usado para tratamento de acne, também deixa olhos sensíveis. Além
disso, ela cita medicamentos dermatológicos para tratamento de vitiligo como
responsáveis por sensibilizar os olhos. “Não recomendamos parar de tomar, mas
sim fazer um acompanhamento com oftalmologista”, diz ela, que também atua na
Clínica de Olhos São Francisco de Assis. O antiarrítmico
amiodarona é um exemplo. Alguns desses medicamentos prejudicam a formação da
lágrima, deixando o olho muito seco e sensível. Queiroz Neto dá a dica de, quando for possível, tomar o medicamento que
causa sensibilidade aos raios UV à noite, já que o pico plasmático de ação do
remédio acontecerá bem longe da luz do sol. Usar óculos de sol durante o dia –
ou óculos de grau com película protetora de raios UV – ajuda a manter o olho
saudável. Pessoas que têm fotofobia mais intensa, além de olhos claros
e pele clara, devem redobrar os cuidados e não se expor ao sol sem proteção
ocular. É importante saber, no entanto, que um medicamento tomado
hoje não vai causar catarata na semana que vem. É um processo contínuo, ele vai
antecipar o aparecimento dela, mas isso não acontecerá antes de 10 anos, conta
Queiroz Neto. Quem toma medicamento há tempos, deve consultar um
oftalmologista ao menos uma vez ao ano, para verificar a saúde ocular. O
oftalmologista saberá tratar o problema sem que o tratamento com o outro médico
seja interrompido. (Tribuna da Bahia)
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