Artigos em revistas médicas de vários países, baseados em
experiências em todo o mundo, deixam claro: as "balas de borracha" são
na verdade armas "menos letais", em vez de "não letais". Elas
produziram várias mortes e ferimentos incapacitantes em locais como a
Irlanda do Norte, Israel/Palestina, Caxemira (Índia) e mesmo o Brasil.
Obviamente, muito menos do que se fosse usada munição letal real. Os
estudos deixam claro duas coisas: os ferimentos ou mortes se devem
tanto a um tipo de munição pouco recomendável como à falta de disciplina
no uso. Em vez de atirar no chão
ou mirando nas pernas, a distâncias de mais de 40 metros, os policiais
dispararam de perto contra o tronco ou a cabeça, contrariando as "regras
de engajamento" da polícia.
As tais balas de borracha
-que hoje também podem
... ser de plástico- foram introduzidas pelos britânicos durante o conflito na Irlanda do Norte em 1970. Eram uma espécie de "cassetete disparado", feito de borracha com 15 cm. Depois vieram balas menores, disparáveis de fuzis comuns com carga menor de explosivo propelente. Os britânicos foram os maiores usuários da história. Entre 1970 e 1975 foram disparados 55 mil dessas balas na Irlanda do Norte. Uma pessoa morreu a cada 16 mil disparos; um em cada 800 teve ferimentos sérios, e um em cada 1.900 teve lesões incapacitantes.
PERIGO
Os
israelenses foram grandes usuários desse arsenal teoricamente "não
letal" durante os distúrbios palestinos conhecidos como Intifada. Mas
suas balas, menores, com núcleo de metal, foram mais perigosas. Mataram
em média, dez vezes mais pessoas do que as balas de borracha britânicas
na Irlanda do Norte. De 1987 a 1993, foram mais de 20 mortos. De
calibre menor, as balas israelenses também eram bem mais perigosas se
atingissem o peito, a cabeça e, principalmente, os globos oculares.
Cegueira é um risco, mas já houve caso de bala de borracha que atingiu o
globo ocular em um ângulo letal, fazendo a bala penetrar o cérebro e
matar na hora.
Um estudo feito pela equipe de João
Rezende Neto, da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), publicado
na revista médica "World Journal of Emergency Surgery", revelou um caso
de penetração do peito por bala de borracha que precisou de cirurgia
para ser retirada, e tratar dano ao pulmão
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