O
desembargador do Tribunal de Justiça do Acre Samoel Evangelista
decidiu, na tarde desta segunda-feira (24) indeferir o agravo de
instrumento dos advogados da Telexfree e manteve a liminar que proíbe os
pagamentos e novas adesões à empresa de marketing multinível. A medida
também mantém o bloqueio às contas dos sócios administradores e é válida
para todo o território nacional.
Procurado pela
reportagem do G1, o advogado da Telexfree Horst Fouchs, que veio ao Acre
para cuidar do caso, disse apenas que estava tomando conhecimento da
decisão e que só vai se pronunciar após a publicação da decisão.
A empresa é suspeita de operar um esquema de pirâmide financeira sob o disfarce de atuar no ramo de marketing multinível.
De acordo com a
assessoria do TJ/AC, como a decisão foi analisada apenas pelo relator
do processo, os advogados da empresa possuem prazo de cinco dias para
ingressar com recurso de agravo interno na Câmara Cível. Eles podem
ainda, no mesmo prazo, entrar com embargo de declaração, que é quando os
advogados entendem que a decisão não ficou clara.
Entenda o caso
No último dia
18, a juíza Thaís Borges, da 2ª Vara Cível da Comarca de Rio Branco,
julgou procedente a medida cautelar preparatória de ação civil pública
proposta pelo Ministério Público do Estado do Acre contra a Telexfree.
Com a decisão
da juíza, foram suspensos os pagamentos e a adesão de novos contratos à
empresa de marketing multinível Telexfree até o julgamento final da ação
principal, sob pena de multa diária de R$ 500 mil em caso de
descumprimento e de R$ 100 mil por cada novo cadastramento. Thaís afirma
que a decisão não configura o fim da empresa, apenas suspende suas
atividades durante o processo investigativo.
"O processo
principal se destinará a apurar se isto é ou não uma pirâmide
financeira. Se ficar confirmada a tese, a consequência será utilizar os
recursos da empresa para indenizar aqueles divulgadores que tiveram
prejuízo. Se a conclusão do processo for no sentido de que não há uma
pirâmide financeira, ou seja, que a atividade da Telexfree é lícita,
então, será permitida à empresa que retome as atividades normalmente",
explica a juíza.
A promotora de
Defesa do Consumidor, Nicole Gonzalez, diz que o foco da Telexfree no
Brasil não é a venda de produtos ou serviços, mas a adesão de novas
pessoas para alimentar o sistema de pagamento.
Sobre a Telexfree
Nicole
Gonzalez explica que existem duas empresas chamadas Telexfree. Uma é
norte-americana e oferece um sistema de telefonia pela internet, o VOIP
(Voice Over Internet Protocol). Já a Telexfree no Brasil seria o
nome-fantasia da empresa Ympactus Comercial LTDA. Essa, segundo a
promotora, tem sede em Vitória (ES) e atua no Brasil desde março de 2012
e trabalha com marketing multinível.
Segundo as
regras da Telexfree brasileira a pessoa que se cadastra como divulgador
deve fazer uma postagem diária de anúncios em sites de classificados,
divulgando o produto e ganhando uma comissão sobre as vendas. Os
divulgadores podem ainda cadastrar outras pessoas como divulgadoras
criando assim, uma rede.
Nenhum comentário:
Postar um comentário