Ricardo/Advogado/Jornalista/Blogueiro |
Há pouco mais de seis
meses, a notícia do nascimento do garoto Miguel, filho do então governador de
Pernambuco, Eduardo Campos, chamou minha atenção. Não por ser o filho de um
pré-candidato à Presidência (o quinto) nem por ter a Síndrome de Down, mas pela
frase de outro filho de Campos. “O Miguel nasceu na família certa”, disse o
irmão.
O
tanto de acolhimento e amor que a frase despertava fez surgir uma admiração por
aquela família numerosa e que parecia tão unida. Ainda que percebesse na
divulgação do nascimento certa estratégia para dourar a imagem do futuro
candidato, era plausível que houvesse um fundo de verdade na aparente ação de
marketing.
Por
essas e outras, Campos acabou por encarnar o bom moço das eleições
presidenciais. Jovem, idealista, construiu imagem de bom gestor. E amarrou o
discurso no combate à “velha política”, criticando o sistema de coalizão e
propondo um governo sem atrelamento fisiológico. Uma cantiga boa de ouvir, mas
com toda certeza muito difícil de ser tocada na prática.
Num
contraste com a utopia, havia certas incoerências. Esteve ao lado do PT por
mais de dez anos, até descobrir, já quando decidido a se candidatar, que o
partido cometia graves equívocos. Formou chapa com Marina Silva, mesmo com
tantas divergências, como as relacionadas ao debate entre desenvolvimento e
conservação.
Prematuramente
desaparecido, Campos deixa a imagem do bom pai e marido, do sujeito que
defendia a renovação da política e a definitiva extinção de certos dinossauros
que simbolizam o atraso e as mazelas nacionais.
Não
se sabe até que ponto o socialista considerava viável a empreitada de enterrar
a velha política, mas a ideia era (e é) alentadora. Está aí um debate que não
pode ser sepultado com o homem que o propunha.
Ricardo
Ribeiro é Advogado e jornalista.
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