O povo, assim como tem direito aos serviços de educação e saúde, também tem direito à informação. Era preciso, para mudar de verdade, produzir políticas públicas voltadas para o setor. |
Estes
sete anos e três meses de gestão do governador Jaques Wagner, período em que
fui responsável pela comunicação social, foram de aprendizado e realizações. À
frente, vejo novos desafios. Porém, é o olhar para trás que me mostra qual
caminho seguir. A tarefa do governador era e continua sendo imensa: de um lado,
mudar a cultura política, democratizar a Bahia; do outro, atender ao clamor das
urnas e desenvolver o estado com inclusão social. E, assim como ele tinha
que implantar uma nova forma de governar, minha missão, parte integrante da
dele, foi desenvolver uma nova forma de comunicar. Nos dois casos, os
paradigmas existentes não serviam aos nossos propósitos. Tudo tinha que ser
criado, inventado. A nova hegemonia precisava se estabelecer com a afirmação
dos valores e signos da nova gestão, com suas prioridades econômicas e sociais,
com sua vinculação orgânica ao projeto nacional. A decisão estratégica que
conceituou o projeto continua atual até hoje: Bahia, Terra de Todos Nós. A
produção das notícias de governo deve atender sempre ao imperativo legal e
ético de prestação de contas à sociedade. A relação com os meios de
comunicação, indispensáveis para as informações chegarem a todos, foi
estabelecida na absoluta defesa da liberdade de imprensa. Nesse ambiente, a
busca do contraditório, do equilíbrio na cobertura das pautas do governo, se
tornou um desafio permanente. Tendo
sempre como matéria prima a verdade, foram
produzidas ações publicitárias de grande repercussão. O “agora tem, tem, tem”
embalou as realizações do governo. A campanha de depoimentos espontâneos de
gente do povo consolidou a marca social de um governo que faz mais para quem
mais precisa. Quem não se lembra de Dona Enedina, alfabetizada aos 100 anos?
Nesse caso, a publicidade baiana foi premiada nacionalmente. Para democratizar
a Bahia, teríamos que inovar e produzir uma comunicação democrática. Sob esse
novo olhar, a comunicação não podia ser tratada apenas nas dimensões de
notícia, publicidade e propaganda. O povo, assim como tem direito aos serviços
de educação e saúde, também tem direito à informação. Era preciso, para mudar
de verdade, produzir políticas públicas voltadas para o setor. A Bahia foi o
primeiro estado brasileiro a realizar uma Conferência Estadual de Comunicação
em 2008. Do diálogo com empresários, radialistas, jornalistas e movimentos
sociais, nós extraímos as reivindicações básicas do segmento. Duas despontaram
de imediato: transformar a então Assessoria Geral de Comunicação (Agecom) em
secretaria e implantar o Conselho de Comunicação Social da Bahia. Assim, em
2011, após a reeleição do governador Wagner, foi criada a Secretaria de
Comunicação Social (Secom) e dessa organização administrativa foi possível
falar e realizar políticas públicas de comunicação. Apoio aos segmentos
comunitários, parcerias com setor do audiovisual, formação e capacitação
profissional passaram a fazer parte da agenda da Secom. Nessa mudança, o Irdeb
passou a ser ligado à Secretaria de Comunicação, dando integração a áreas comuns
de governo. Destaco, nesse último período, os investimentos significativos, que
colocaram a TVE na era digital. Superando tabus, em 2012, foi instalado o
primeiro Conselho de Comunicação Social do Brasil. Para a implantação do
conselho, nós enfrentamos o preconceito de que o órgão teria o objetivo de
censurar a imprensa. Nós, defensores da liberdade de expressão, éramos taxados
de sensores. Eu tenho certeza de que a participação do empresariado, dos
trabalhadores e da sociedade civil foi decisiva para desmitificar o debate e
construir o conselho, que completou dois anos e renovou recentemente o seu
colegiado. Voltando ao presente, carrego os sentimentos de dever cumprido e de
gratidão a todos com quem me relacionei. Para os novos desafios que
vou trilhar, recorro a Paulo Freire: “ninguém caminha sem aprender a caminhar,
sem aprender a fazer o caminho caminhando, refazendo e retocando o sonho pelo
qual se pôs a caminhar”. Meu sonho é uma Bahia de todos nós!
Robinson Almeida é
ex-secretário de Comunicação Social da Bahia.
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