UM AMOR COM CHORO, GRITOS E CLAMORES
Ousarme Citoaian | ousarmecitoaian@yahoo.com.br
De ótimo texto sobre Ilhéus, assinado por Gerson Marques (“Oração para a bela e triste senhora do atlântico”, aqui no Pimenta na Muqueca),
esta coluna reproduz um trecho: “Não existe uma só Ilhéus, existe uma
Ilhéus dentro de cada um que a ama, que a conhece, que em suas fontes
bebe, que em suas curvas se perde. Assim sendo, não se ama essa terra de
uma única forma, ama-se por vezes chorando, clamando e gritando, ama-se
na contradição, na expressão do verbo, no suor do trabalho, na tristeza
do filho perdido, na dor dos sonhos fruídos, na ausência de carinho,
mas também na paixão infinita”. Tem mais, a seguir.
“Aqui, parece se odiar para amar, vê-se em seus filhos eleitos a ausência completa de amor por ti, vê-se no lixo jogado à rua, na insanidade dos mangues invadidos, nas obras tortas de mau gosto que triunfam sobre suas ruínas de passado glorioso, no desprezo das autoridades à decência de seu povo, na usura pútrida de quem imagina enganar as massas com sorrisos vazios e promessas furtivas, vê-se em verdade uma completa falta de respeito por sua feminilidade atlântica, sua essência de deusa, seu esplendor de musa, suas curvas de rainha.” Um momento feliz, uma saudação merecida a esta terra-mãe da região cacaueira, um grito contra filhos que a desmerecem.
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Restam as ruínas do passado glorioso“Aqui, parece se odiar para amar, vê-se em seus filhos eleitos a ausência completa de amor por ti, vê-se no lixo jogado à rua, na insanidade dos mangues invadidos, nas obras tortas de mau gosto que triunfam sobre suas ruínas de passado glorioso, no desprezo das autoridades à decência de seu povo, na usura pútrida de quem imagina enganar as massas com sorrisos vazios e promessas furtivas, vê-se em verdade uma completa falta de respeito por sua feminilidade atlântica, sua essência de deusa, seu esplendor de musa, suas curvas de rainha.” Um momento feliz, uma saudação merecida a esta terra-mãe da região cacaueira, um grito contra filhos que a desmerecem.
DE CHEIROS, SABORES E MEMÓRIAS ANTIGAS
À sombra dos laranjais, último romance de Marcos Santarrita (1941-2011), ainda inédito, teve como título provisório Cheiro bom de mulher,
o que me remeteu, já não digo a uma pesquisa, mas a rápida reflexão
sobre o tema. Se existe um cheiro típico de mulher, e que importância
tem esse cheiro foram as motivações deste “pesquisador”. Não, não saí
por aí a farejar louras, morenas, negras e ruivas (quem me dera!), mas
me vali de observações de terceiros e da minha própria memória olfativa
(ai, meu Deus!), que está mais viva do que imaginava minha vã e
pessimista filosofia.
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Mulher possui cheiro “indescritível”
Concluí que mulher possui cheiro exclusivo, capaz de ser percebido
mesmo que estejamos de olhos fechados. E é tão único quanto uma
impressão digital: Ana cheira diferente de Maria, que não exala o mesmo
perfume de Francisca, enquanto esta tem pouco a ver com Madalena… mas
todas cheiram tão bem, graças a Deus! Cheiro de mulher não se descreve.
Talvez seja uma mistura de perfume propriamente dito com sabonete, creme
para a pele, xampu, esmalte de unha, batom e demais ingredientes que
vocês imaginem. Digo que a parte feminina mais cheirosa é o pescoço, e
provo lembrando quanto pescoço vejo cheirado em público.
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Cheiro bom montado em sapato Luiz XV
Alguém um pouquinho mais desocupado do que eu procurou saber o que nas mulheres mais atrai os homens (a pesquisa não permitia palavrões) e encontrou o cheiro na ponta da tabela. Houve respostas que tangenciaram a tara e adentraram o fetiche: existe nego vidrado em biquíni, uns se sentem atraídos por mulher burrinha, outros preferem o tipo “cabeça”, houve um cara que destacou “a capacidade de chorar”, outro se disse “fissurado em mulher que sabe… ouvir!” e por aí vai. Transportando-me para a pesquisa (nunca me ouvem nessas entrevistas!) eu apontaria nas mulheres não um atrativo, mas dois: cheiro bom e sapato alto.
Alguém um pouquinho mais desocupado do que eu procurou saber o que nas mulheres mais atrai os homens (a pesquisa não permitia palavrões) e encontrou o cheiro na ponta da tabela. Houve respostas que tangenciaram a tara e adentraram o fetiche: existe nego vidrado em biquíni, uns se sentem atraídos por mulher burrinha, outros preferem o tipo “cabeça”, houve um cara que destacou “a capacidade de chorar”, outro se disse “fissurado em mulher que sabe… ouvir!” e por aí vai. Transportando-me para a pesquisa (nunca me ouvem nessas entrevistas!) eu apontaria nas mulheres não um atrativo, mas dois: cheiro bom e sapato alto.
ENTRE PARÊNTESES, OU…
Entre a moralidade e a esperteza
Aviões da FAB cruzam os céus, no afã de transportar autoridades em dolce far niente.
E o presidente do STF, Joaquim Barbosa, equipara-se a Renan Calheiros e
outros useiros e vezeiros em espertezas: viajou ao Rio, com dinheiro do
Tribunal, para assistir ao jogo Brasil x Inglaterra. “Joaquim Barbosa?”
– perguntaria a gentil e desinformada leitora. Ele mesmo, aquele que
analistas apressados elevaram ao panteão dos heróis nacionais. À mente
me vem uma reflexão do humorista Stanislaw Ponte Preta, cinquentenária,
mas atual como se fosse nascida ontem: “Ou restaure-se a moralidade ou
nos locupletemos todos.” Até tu, Quincas?
SOM DE IPANEMA QUE CONQUISTOU O MUNDO
Garota de Ipanema é canção clássica da MPB, eternizada no disco fundamental, já comentado aqui, Getz/Gilberto,
fruto da implicância de João Gilberto (na foto, com Tom Jobim e Stan
Getz), em 1964. É um dos temas mais gravados do mundo, tendo registros
de Pery Ribeiro (o primeiro, em 1962), Astrud Gilberto (no LP referido),
Frank Sinatra, Cher, João Gilberto, Ella Fitzgerald, Sarah Vaughan, Amy
Winehouse, Roberto Carlos, Gal Costa, Madonna, Toquinho e outros. Até
uma certa Xuxa se permitiu um atentado contra esse texto sagrado – numa
novela (da Globo, é óbvio). Dizem ser a segunda gravação mais tocada do
mundo, vencida somente por Yesterday, dos Beatles.
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Tom Jobim, no auge da fama, em 1967
É pouco divulgado que Vinícius titulou a canção como Menina que passa,
cuja letra pouco inspirada falava de um sujeito que “vinha cansado de
tudo/ de tantos caminhos/ tão sem poesia/ tão sem passarinhos…” , para
descambar nesta quadra: “Eu vi a menina/ que vinha num passo/ cheio de
balanço/ caminho do mar”. Tom e Vinícius não gostaram desse resultado e,
mais tarde, ao ver passar o balanço de Helô Pinheiro, o poetinha fez a
letra definitiva. O vídeo mostra Tom no auge da fama, ao gravar o disco
Francis Albert Sinatra e Antônio Carlos Jobim, em 1967. Uma curiosidade é
Tom ao violão, quando o público se habituou a vê-lo ao piano ou à
flauta transversal.
(O.C.)
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