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Ryan Hall, um dos melhores maratonistas do mundo,
costumava se orgulhar de usar os tênis de corrida até gastar a sola.
Agora não faz mais isso. De uns tempos para cá, começou a trocar de
tênis depois de correr cerca de 320 quilômetros com cada par. Isso
significa que Hall troca de tênis duas vezes por mês.
“Sei muito bem que os tênis poderiam aguentar mais
algumas centenas de quilômetros antes de ficarem detonados, mas minha
saúde é tão importante para mim que sempre garanto que meu equipamento
esteja novo”, afirmou.
É claro que Hall não precisa pagar pelos pares de tênis,
pois é patrocinado pela Asics. Contudo, o resto de nós precisa e essa
brincadeira fica cara, já que um par decente custa cerca de 200 reais.
Ainda assim somos constantemente alertados a substituí-los com
frequência, uma vez que correr com tênis velhos pode levar a lesões que
podem demorar anos para curar.
Portanto, aqui vai uma questão muito simples: como saber
que os tênis já estão prontos para serem jogados fora? Caso você se
machuque, até que ponto é justo culpar os calçados?
Veja no infográfico:
Como o corpo enfrenta a corrida
Minha amiga Jen Davis corre mais de 160 quilômetros por
semana, assim como Hall, mas usa um conjunto diferente de critérios para
se livrar dos tênis usados. Um deles é que se os tênis estiverem
cheirando mal mesmo depois que ela os lave na máquina de lavar, é hora
de comprar um novo par. Ela estima que cada par dure cerca de 800
quilômetros.
Henry Klugh, técnico de corrida e gerente da The Inside
Track, uma loja de artigos de corrida em Harrisburg, Pensilvânia, afirma
que chega a correr até 3.200 quilômetros com alguns pares de tênis. Ele
frequentemente corre em estradas de terra, que prejudicam muito menos
os tênis do que o asfalto e não comprimem, nem desgastam tanto o solado.
Meu técnico, Tom Fleming, desenvolveu o próprio método.
Ele coloca uma mão dentro do tênis e aperta a sola com a outra. Se
sentir os dedos é porque o calçado já está gasto – com a palmilha
completamente comprimida e a sola gasta.
Quanto a mim, calculo quanto corro com cada par e os substituo depois de 500 quilômetros. Quem está certo? Talvez nenhum de nós.
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Segundo Rodger Kram, pesquisador de biomecânica na
Universidade do Colorado, a teoria é a de que é preciso trocar de tênis
antes que a palmilha de EVA, ou etileno-acetato de vinila, que cobre a
maior parte dos tênis de corrida comece a rachar.
“Pense numa fatia de pão de forma, macia e fora do saco. Aperte-a com a palma da mão até que fique reta e dura.”
O pesquisador descobriu que o amortecimento da palmilha
ajuda a melhorar a eficiência durante a corrida. Mas é difícil saber se
ajuda a prevenir lesões, afirmou, “pois não há dados suficientes sobre o
assunto”.
Leia mais:
Como escolher o tênis mais seguro
Jacob Schelde, do Hospital da Universidade de Odense, na
Dinamarca, analisou ensaios clínicos que abordam a relação entre o
amortecimento e possíveis lesões, mas não encontrou nenhum. Atualmente, o
médico espera angariar fundos para realizar um estudo de 15 meses com
600 corredores.
Schelde descobriu um estudo publicado em 2003 que
apresentava dados relevantes sobre o volume de lesões entre corredores,
embora não fosse randomizado e a idade dos tênis não fosse o foco
principal da pesquisa. O estudo foi grande e testou os corredores
regularmente durante um programa de treinamento de 13 semanas. Os
pesquisadores não foram capazes de encontrar uma relação clara entre o
tempo de uso dos tênis de corrida e o risco de lesões entre os
corredores.
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